Demos-lhe sementes; não muitas
mas quanto bastasse para não se cansar;
água lhe demos, apenas um dedal,
para a fonte lhe recordar.
Abrimos tão pouco a porta,
para que os céus lhe batessem no olhar
e à gaiola um pequeno espelho prendemos
para de frente a nuvem poder contemplar.
Quieta se sentava, com as asas palpitantes.
Assim ela cantava.
de Solveig von Schoultz (Finlândia)
tudo o que voa, trepa, se alça e plana sobre o Universo, aves, flores, perfumes, fontes, ramos dobrados, mares grutas, cumes, lugares habitados, vulcões, desertos sombra e luz, noite e estações, nuvens, trovões, neve e bruma passageira, furacões, chuvas generosas, religião e ensinamentos, visões, sensações, silêncio e canto, tudo isso vive e mexe em meu coração: uma liberdade irmã da subtil magia dos filhos da eternidade. no meu coração, aqui sem fundo nem medida, a morte dança com os espectros da vida, aqui sopram os terrores da noite, treme o sofrimento das rosas e, ao seu eco, ergue-se a arte. Abû-Al-Qâsim Al-Shâbbi (Tunisia)
Já existiu, num outro tempo, mundo pintado com este mesmo negro. A impulsividade matou-a, e agora essa mesma energia tentará dar-lhe vida de novo. Deixou o mistério que a envolvia, e veio morar onde sempre devia ter estado, junto do coração que a povoa.
Viver todos os dias cansa
As paisagens não se transformam
Não cai neve vermelha
Não há flores que voem,
A lua não tem olhos
Niguém vai pintar olhos à lua
Tudo é igual, mecanico e exacto
Ainda por cima os homens são os homens
Soluçam, bebem riem e digeremsem imaginação.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos
discursos, guerras, orgulhos em transeautomóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à morte!
Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho
De vez em quando
E recomeçar depois
Achando tudo mais novo?
Ah! Se eu podesse suicidar-me por seis meses
Morrer em cima dum divã
Com a cabeça sobre uma almofada
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor do norte.
Quando viessem perguntar por mim
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia
Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela
José Gomes Ferreira
1 comentário:
rais parta os ensaios paaaah! d: lol brincadeirinha *
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