janeiro 30, 2007

Para a minha menina agora tão MULHER



Para ti AQUI










O que eu te desejo, na data em que completas tão ricos 22, é que a vida te brinde SEMPRE com momentos tão brilhantes e intensos como os que vivemos juntas no Palco.

Que sejas Intensamente Feliz!*

janeiro 22, 2007

Paciência




Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não paraEnquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saberA vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não)

Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não...a vida nãopara)

Lenine

Dos sentidos



Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.


- Como quereis o equilíbrio?

David Mourão Ferreira

janeiro 19, 2007

os teus olhos


























E esse medo que me habita os dias,
que a encontres na rua,
que o seu ar misterioso e triste te inunde,
que as suas mãos te pareçam frágeis demais para continuarem sozinhas.

Que te sintas perdido nesse olhar.

E que nesse instante,
os teus olhos se percam irremediavelmente dos meus…

janeiro 18, 2007

Chegou virtualmente

"Entrei apressado e com muita fome norestaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:- Senhor, não tem umas moedinhas?- Não tenho, menino.- Só uma moedinha para comprar um pão.- Está bem, eu compro um.Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail.Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas.Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.- Senhor, peça para colocar margarina e queijo. Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem? Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora.O peso na consciência, impedem-me de o dizer.Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.Então sentou-se à minha frente e perguntou:- Senhor o que está fazer?- Estou a ler uns e-mail.- O que são e-mail?- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses):- É como se fosse uma carta, só que via Internet.- Senhor você tem Internet?- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.- O que é Internet ?- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler,escrever, sonhar,trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.- E o que é virtual? Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar,apanhar, pegar... é lá que criamos um monte decoisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.- Que bom isso. Gostei!- Menino, entendeste o significado da palavravirtual?- Sim, também vivo neste mundo virtual.- Tens computador?! - Exclamo eu!!!- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muitotarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, dizque vai vender ocorpo, mas não entendo, porque ela voltasempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual não é senhor??? Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente"devorar" o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi navida e com um"Brigado senhor, você é muito simpático!".Ali, naquele instante, tive a maior provado virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

Casa


janeiro 16, 2007

deserto de mim




















Veste-se a noite de tempo... um tempo imenso e cortante.
Deserto de mim, onde não encontro o teu corpo que me abrigue






sou a espera e o desespero

abro a capa do tempo
e finjo a paciência infinita dos que são sábios



(nem sempre o que sinto é bom)
(nem sempre é bonito)




querer-te em mim a matar-me a sede
a atravessar este deserto em que habito sem ti


querer o corpo abandonado no meu peito
querer o agora, tão aqui
que amanhã não exista mais.
J.

Velho





O homem velho deixa a vida e morte para trás
Cabeça a prumo segue rumo e nunca, nunca mais
O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais
O homem velho é o rei dos animais
A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol
As linhas do destino nas mãos a mão apagou
Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock'n'roll
As coisas migram e ele serve de farol
A carne, a arte arde, a tarde cai
No abismo das esquinas
A brisa leve trás o olor fulgaz
Do sexo das meninas
Luz fria, seus cabelos têm tristeza de neon
Belezas, dores e alegrias passam sem um som
Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron
E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom
Os filhos, filmes, livros, ditos como um vendaval
Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal
Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual
Já tem coragem de saber que é imortal.

Caetano Veloso

janeiro 11, 2007

A que preço


"A definição de belo é fácil:
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é aquilo que desespera! "
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Paul Valéry
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Somos todos culpados
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TODOS!
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janeiro 08, 2007

Para provar que sou sublime


Fiz de mim o que não soube,

E o que podia fazer de mim não o fiz.

O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,

e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido,

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência

Por ser inofensivo.

E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Alváro de Campos (F.P.)

janeiro 05, 2007

Nascer e morrer


Nesta terra infinita, neste horizonte deserto, nesta casa onde mora o corpo onde mora a alma onde moram os dias que habitamos. Sair das cinzas. Também,
porque não,
renascer... em mim, deixar que se veja, também, o lado negro com que por vezes me visto.