setembro 02, 2010

o Sopro


Agora parece
que te coloco nas mãos a pétala perfumada.
Ergues o teu espanto com um iluminado sorriso

O ar rompe-se com o teu sopro,
E por fim
a pétala projecta-se num imaculado vazio
dos dias que se contam

daqui
em diante
em amanhãs sempre mais deslumbrados e brilhantes.

As mãos são tuas,
O sopro é teu
os amanhãs pertencem-te
a pétala

essa
apenas soprada
que se desprendeu das tuas mãos inseguras
enquanto me abraçavas com esse sorriso

a pétala
essa pétala
és tu

julho 14, 2010

Fantasia em volta de um cálice de Vinho do Porto


 
Ainda o copo poisava o seu rosto
no meu desejo, e já o tempo
imprimia a embriaguez nas
paredes cruas,

Acendo a vela que vela o corpo
e bailam comigo deuses,
raposas,
lobos selvagens em desafio,

Registo o tempo silencioso
Adormeço o corpo nos olhos
e grito todo o meu anseio

Aconteço assim, neste tom sem dom
neste resto sem nexo,
Provo vermelho, quente, híbrido,
honra, luxo,

Para sempre existo neste beber.

Bebo Porto, bebo corpo, bebo rosto,
memória do teu sabor, no meu
sem saber Ser.


(Atelier de Escrita com Prof. Mário Cláudio/2008)

junho 08, 2010

Este céu























foto de  Liyana Zainal 


Um céu ergueu-se no abismo de uma curta madrugada,
vestiu a janela ainda fechada e rolou o espelho devagar
Pendurou nuvens onde existiram silêncios e
enviou a brisa para que se aquietasse junto das velas aprumadas.

A hora era a de navegar.

Na vela que vela dentro
Na palavra que se olha de fora
No tempo certo,
no passo trémulo,
na força contida
Assim se ergue o espanto,
a hora é
a madrugada está
a luz acontece

inunda

abril 22, 2010

Silêncio























"Há um silêncio dentro de mim.
E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras."

Clarice Lispector

abril 19, 2010

Conceito de asa
















esquisso por Leonardo da Vinci

Ainda que eu com asas nascesse,
e que devolvesse à noite as madrugadas, voando.
Nenhum céu se dignaria a ser tão brilhante quanto
aquele que o meu horizonte sonhador vislumbra.
Esse conceito alado, trago-o no peito, vibrando.
Batendo a cada segundo de imperfeição que me habita.

março 02, 2010

Caminhos


Abre os braços para o sempre,
Não espera.
Pesquisa a brisa com tentáculos de conhecedor.
Não caminha.
É devagar que silencia cada anoitecer, com sua vaidade rasgada, com seus olhos de espanto e fome.
Voa pelos pequenos espaços por onde a sua grandeza se expande.
E no azul reconhece o tanto que ainda tem de crescer.

Silenciados os gritos, as revoltas e a sede.
Todo ele se dobra.
Um pequeno todo que se explica.
Ouve a brisa, respirando sobre ele aquela tão nova manhã.

janeiro 19, 2010

Why not?